domingo, 27 de setembro de 2009

Capítulo 1 ~ Nostalgia

A vida te guardou surpresas interessantes, minha querida.

Lembro bem da minha avozinha dizendo essas palavras, tanto que nem parece ter acontecido há anos. Claro, naquela época eu não imaginava o significado delas e, para ser sincera, ainda não entendo. Só sei que, se ela disse, é verdade.

Tenho ainda uma visão muito nítida de uma casinha pequena e delicada, com plantas, flores, arbustos e uma agradável senhora baixinha parada em frente à porta. Ela acenava lentamente, com um sorriso sentido, para a menininha chorosa sendo arrastada jardim afora. Uma covardia completa da minha mãe, se quer mesmo saber. Quer dizer, eu tinha cinco anos e ela, sei lá, o quíntuplo disso, sem contar três vezes minha altura. Porém, as palavras ditas por aquela velhinha momentos antes da cidadã – aparentemente minha linda e bizarra mamãe – invadir o pequeno lugar e me arrancar de lá, nunca foram esquecidas.

Bom, óbvio que eu não queria ir, eu tinha uma vida muito da feliz. Acordava com montes de passarinhos na minha janela, passava momentos maravilhosos com minha avó, brincando todos os dias no bosque ao lado da nossa casa e comia todo tipo da comida mais maravilhosa de que tenho lembrança. Além disso, aquela mulher me arrastando pelo braço era praticamente um monstro, não tinha como não ter medo. Todo mundo deveria ter medo dela. Era medonha e não medonha no sentido físico de algo horroroso produzido no inferno. Uma das grandes dádivas da minha família é que todas as mulheres nascem com a alegria da beleza. A forma linda e sombria daquela criatura era admirável, sem comparação. Alta, esguia, com cabelos impecáveis e olhos magníficos. Quando andava, o balanço leve e delicado do seu corpo transmitia a ilusão de estar flutuando. Os cabelos lisos ondulavam no ar a qualquer simples movimento, pareciam feitos de seda.

Certo, seria um pouco injusto falar dessa forma sobre os cabelos dela, já que os meus são realmente parecidos. A diferença é que tudo fica mais bonito nela. E assustador também.

Mas imagine essa pessoa entrando em fúria dentro de sua casa, com um olhar de nitrogênio líquido, querendo arrancar a filha de perto de você. Eu não sei o que você faria, mas digo com total certeza: minha avó foi muito inteligente em não relutar.

Como se estivesse prevendo, vovó me chamou para uma conversa logo antes de mamãezinha linda aparecer. E é daí que vêm, acredito, minhas mais importantes lembranças – até porque, do bosque onde vivíamos, não me lembro de muito mais.

"Minha querida," começou, com a mesma voz bondosa de sempre, acariciando de forma estranha o alto da minha cabeça. "Você terá de ir embora".

"Por quê?" eu disse, já sentindo os olhos marejados. "A senhora vai me expulsar daqui?".

Ela soltou um risinho muito fraco, mas totalmente sincero.

"Claro que não meu amor… se eu pudesse ficaria com você para sempre. Mas não foi minha a decisão".

"Mas para onde? Eu não tenho nenhum lugar para ir…".

"Uma mulher bonita virá buscá-la".

"Mas… eu não quero… quero ficar aqui, com a senhora e meus amigos". Realmente, não faço idéia de que amigos eu falava, mas ela pareceu compreender muito bem. Coisas de avó.

"Nem sempre podemos ter o que desejamos… há coisas que não nos convém decidir… e seus amigos estarão com você onde você for, desde que não se esqueça deles. E eu também estarei". Nisso, ela faz outra pausa lenta e, com certa dificuldade, tira de dentro do longo vestido um fino cordão prateado com um pingente. Uma bolinha pequena, feita de algo como vidro, com uns fiapinhos e névoas brilhantes no meio.

“Tome isso e cuide, pois ele servirá para que não se esqueça de toda sua vida aqui e, mais tarde, lhe ajude a descobrir quem você é. Se você não me esquecer, de alguma forma ainda estaremos unidas". Ela faz uma pequena pausa e, com os olhos vagos, sem exatamente olhar para mim, sorri, dizendo:

"A vida te guardou surpresas interessantes, minha querida”.

Naquele momento, eu não fazia idéia do que ela pretendia com o papo de descobrir quem eu sou. Para ser sincera, ainda não faço. Mas se há algo de importante que eu trouxe da minha vida verde é saber o quanto aquela senhora tranqüila, de cabelos prateados e olhos, sim, cinzas, era sábia. Portanto, nunca deixei ao menos tocarem essa jóia, com medo de que algo acontecesse. Porque, de certa forma, mesmo não fazendo sentido para mim, sei a importância que fazia para ela.

Se me perguntarem se sinto saudades, não vou pensar um segundo antes de responder que sim. Morro de saudades e trocaria tudo por uma oportunidade de voltar. Queria uma chance de crescer lá, em meio às flores, correndo entre as árvores… passando horas com as borboletinhas engraçadas que pousavam nas pétalas todo fim de tarde e perseguindo os bichinhos estranhos que viviam pelo gramado para, logo depois, perdê-los de vista, sem nunca localizar suas tocas. Lembro vagamente, também, do grande cavalo selvagem que certa vez encontrei em uma clareira distante. Branquíssimo. Sua crina e sua cauda varriam o chão, de tão longas. Maravilhoso. Bom, tudo naquele bosque parecia maravilhoso, de certa forma.

Há quem ache exagerado esse meu amor pelas coisas da natureza, mas eu não posso evitar, faz parte de quem eu sou. Eu daria qualquer coisa para ter crescido com tudo isso. Mas logo depois da minha avó ter falado sobre as surpresas da vida para mim, minha carinhosa mãe chegou e me carregou embora.

E eu vim parar na cidade.

15 comentários:

  1. aaaaaaaaaaah que lindo *-* Primeiro capitulo muito perfeito. Já estou muito, mas muito curiosa pra saber mais da historia -qqq UIASHDASIUDH e tipo, A-D-O-R-E-I o layout do blog *-* mto lindo meesmo o//

    beeijos Aline, ee posta logo o proximo :*

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  2. AEEEE :DDDDD

    QUE OTIMOOO que vc gostou *-*
    Vou postar o segundo hj msm!! Mas, bom, digamos q a curiosidade não vai acabar tão cedo, o meu livro eh um mistério do começo ao fim OIHAIOHA T_T

    OBRIGADA por elogiar o layout, deu mto trabalho meeeesmo fazer isso tudo sem Photoshop i-i

    Vou no seu blog agorinha, quero começar a ler!

    Beijooos :***

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  3. AIDHASIDUASHDIASUDHASUIOHD,
    seerio, hoje mesmo ? achei que fosse demorar mias um pouco, que bom que eu estava enganada, ASIUDHASOIDUHASDOIUASHDUI noossa, adoro mistéérios, -qqqq
    aah, vai la, UIASHDAIO nao estranhe, qualque semelhança é mera coincidencia, USAIDHASODI vamos dizer que quando eu começei a escrevr ainda nao tinha minha identidade literária definida, entao, releve qualquer coisas, UASIDHASIUDH

    beeijos Aline :*

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  4. AIII ACABEI DE LER E TO FRUSTRADA T_T
    To frustrada pq NÃO CONSIGO COMENTAAR!!

    Aiii queria tanto falar lah, mas não sei tbm, a caixinha pra escrever comentários simplesmente não aparece!!

    Adoreeeei o primeiro capítulo, cheio de misterooos (haha ;D). E siiim, eu percebi q tah um pouco Crepúsculo, mas por enquanto não vi nada q o ligasse diretamente a isso, o Rick eh mais divertido q o Edward T__T (não gosto do senso de humor do Ed, ok? ele eh emo LOL), mas, claro, dependendo da continuidade, do q ele for, das "habilidades" dele, aih pode ser q fique mais Crepúsculo msm.

    Mas noooossa, gostei mto, parabens!! Não ficou uma narrativa clichê nem nada assim, e adoreeei o fato da historia se passar no Brasil! Fugiu do normal de sempre ser nos EUA. Eu, se pudesse, tbm desenvolveria uma história aqui no Brasil, mas os planos q tenho pra Lune não permitem :///

    AAAAH mas o q eu faço Deh? queria comentar no seu blog T_T

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  5. Super cool a ideia do blog. O Layout tá lindo.
    Bora divugar e fazer pressão pra vc terminar de escrever por aki tbm. Não vejo a hora de ter uma "versão artesanal" autografada. ;p

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  6. OII!! *-*

    Que bom ver vc por aqui!!

    Obrigada pelo layout, foi um trabalho horrivel fazer isso soh com o paint T_T
    Siiim, bora divulgar pq qto mais gte, mais rapido eu vou postando IOHAIHOA
    E tbm pra não desanimar neh, eh tão triste ter esse trabalho todo pra ngm se importar :/
    Mas acho q estou indo bem, eh o segundo dia de blog e jah tenho comentários! aiohhaiohoiaa

    Obrigada por tudo flor, com ctza vc vai ter a sua versão artesanal autografada!! oihaihoaioha

    Beijoooos!!

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  7. E eeei aline, obg, UIDHASDIUASHDIU siim, qquando eu começei a escrever eu estava com a ideia de fazer tipo um fanfic de crepusculo, atoa mesmo sabe? so que ai no decorrer da historia fui tendo umas ideias muiuito locas pra mudar tudo, SDIHASDOIUASHDIUAS por isso que eu to editando os primeiros capitulos, pra tirar essa "cara crepusculo" de lá .
    Maass ah, voou la olhar isso dos comentarios entao, o melhor do blog sao os comentarios uai, USDIOHASOIDUASHDOIAUSD assim que eu resolver lá eu aviso ;)
    beeijos :*

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  8. Issoooo, resolve msm!! Quero mto comentar, todo mundo consegue menos eu @_@

    Li o seu segundo capítulo ontem e to muuuuuito curiosa, essa coisa dos nomes nas cadeiras, a tia dela com moh pinta de criminosa bandida misteriosa *hum*... jah sei, no minimo ela sabe o segredo de alguem e tah ganhando grana do gostosão da cidade pra não revelar, ha, hã???

    OAOIAOIHAIHOIA

    Viajei, ignora, LOL

    Beeeijos!!

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  9. ASIUDHASIOUDHASODIUHASDIOSAUHDIAUSD, eei, todo mundo conswguia antes de eu mudar o layout ne ? maas eu expliquei no coments do cap 3, DUIASHDAOIU mas eei, nao é uma má ideia essa sua nao em ? UAIHDAISUDHSAIU mas a tia dela é do bem, pelo menos nesse livro -qqq, UISAHDIAUSDHASIU, spoiler detected

    beeijos aline :*

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  10. Oi Aline.
    Eu amei o primeiro capítulo!
    Já tinha visto a história na comunidade.
    Você é muito talentosa! Parabéns!
    Layout ficou muito bonito!

    Beijos pra ti!


    P.S.:Vous seguir o blog.

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  11. Oieee, comecei a ler hoje, hehe, adorei
    q mae malvada a dela

    bjs

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  12. Muito bom o primeiro capítulo, você escreve mt bem aline...
    by miguel, amigo de fernando

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  13. Oooi, Aline! Eu sou a Lorraine e eu acabei de começar a ler Nienna... Já tô participando da comunidade e achei bem curioso o livro não ter os capítulos pares :D Bem, eu vi que vc vai publicar (ou já publicou?) o livro, e enquanto eu não consigo um, eu vou lendo pelo blog. Amei o primeiro capítulo!
    Beijo

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